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quinta-feira, 6 de julho de 2017


A defesa do presidente Michel Temer ao desqualificar a denúncia da Procuradoria Geral da República tenta esconder uma obviedade: não há argumentos contra os fatos.

O uso de inúmeras adjetivações não responde as comprovações de natureza delituosa. A sequência repugnante dos fatos não tem nada de “chocha, capenga, manca, anêmica, frágil e inconsistente”, como supõe a defesa do presidente. O mais grave e preocupante é que esse mecanismo de desconstrução da denúncia, que também foi utilizado por Dilma e todos aqueles que atacam a operação Lava-Jato, fragiliza profundamente o trabalho das instituições republicanas.

É como se houvesse pessoas que são intocáveis pelo cargo que ocupam. É como se estivessem acima da lei e pudessem passar impunes de qualquer prova de envolvimento criminal. A situação se agrava quando a instituição da Presidência da República, ao invés de ser preservada, passa a ser ocupada deliberadamente com o simples e exclusivo objetivo do presidente se manter no poder e criar uma espécie de escudo para si próprio e para todos os seus ministros e auxiliares que estão implicados em crimes contra o interesse público.

As evidências estão postas. Na véspera da reunião do G20, a agenda do presidente ficou por conta da negociação com parlamentares para barrar a denúncia da qual é acusado de corrupção passiva. Segundo notícia divulgada hoje, somente em junho, o presidente Michel Temer já liberou mais de R$ 1,8 bilhão em emendas.

Diante do amplo acervo de provas e das outras investigações ainda em andamento, a sociedade não aceita a autoproclamada “inocência cristalina” do presidente. Atingimos a vergonhosa e constrangedora situação em que o governo está refém do silêncio de seus aliados na prisão para tentar criar um pretenso ambiente de estabilidade política.

A crise vivida pelos brasileiros é dura demais e não será revertida pelo governo que negligencia a realidade como sendo obra de ficção. Mas até quando iremos insistir nos atalhos que só nos levarão a outros abismos?

Marina Silva, porta-voz nacional da REDE

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