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terça-feira, 3 de maio de 2016













Esse post não é repetido! Mês passado você leu aqui que o pessoal de Brejo tinha aberto a a maior via do município, com 410 metros. Acontece que eles abriram as possibilidades para novas conquistas na parte de baixo da parede da Serra do Ponto. Agora tem mais uma via por lá, com 470 metros de extensão, Sublimação Direta é a nova maior via do estado de Pernambuco. Confira o relato a seguir.

Sábado, 17 de março de 2016.

Após a abertura da via "Lutar Sempre...", na Serra do Ponto, vi na foto uma linha que parecia ser limba da base até o cume, e poderia ter pelo menos 400 metros. Estudei as fotos, olhei bastante pra linha ao vivo e até as imagens de satélite do google ajudaram, começamos a conquista exatamente onde planejado.

O parceiro foi o Allysson, de Natal, que me chamou pra abrir a Suave Veneno e não imaginava no que ia se meter na parte da tarde.

Fizemos uma suada aproximação no sol das 13h e começamos a escalar por volta das 14h. Logo vimos que a conquista da tarde não iria fluir tão rapidamente, mas o que desse pra fazer nesse dia seria lucro e pouparia trabalho na próxima investida. A primeira enfiada foi difícil de conquistar, por ser bem lisa e de dificuldade constante, e não coube mais nada além de um único friend pequeno, o resto teve que ser com proteção fixa.

Descemos já quase de noite e começamos a caminhada de volta, passamos direto da entrada à esquerda e rodamos por quase 2h procurando o caminho, saindo da mata por um lugar completamente diferente do que entramos. Tomamos uma coca-cola no bar Encontro das Serras e encerramos o dia.

Na semana seguinte tive muita dor no dedo (tendinite perseguidora) e fui à Brejo apenas para escalar com alunos do curso básico. Fiquei olhando a linha da via e quando voltei pra casa, chamei o Allysson pra ir no próximo fim de semana, ele topou!

Sábado, 02 de abril de 2016

Dessa vez sinalizamos bem o trecho da trilha que passamos direto na investida anterior e não tivemos problemas na volta. Começamos a escalar por volta das 6h30, escalei a primeira enfiada sem o peso da furadeira e dos "treco" de conquista, ela é bem exigente no trabalho de pés, e não possui nenhum lance exposto, a pesar das quedar possivelmente serem grandes, não tem nada pra bater.

Escalei a parte já conquistada da segunda enfiada e parei no último grampo pra começar a conquista. Três passos pra cima e não acreditei no que vi, uma fenda! Um lance e alcança a dita cuja, mas não consegui colocar nada nela, por ser muito aberta, talvez friends offset caibam bem, porém, ela permitiu que eu escalasse com mais facilidade, segui por mais alguns metros e ela foi sumindo até se tornar apenas um risco na pedra. Bati uma chapa e saí da fenda pra esquerda, buscando umas agarras melhores, estiquei até a parada.

A vista pra cima era animadora, a parede perdia inclinação e poderíamos escalar mais rapidamente. Puxei Allysson e peguei os móveis e algumas chapas e segui por cerca de 35 metros fáceis até conseguir proteger em um diedro que começava até um pouco mais abaixo, mas daria um arrasto grande devido á vegetação. Protegi com um camalot 1 e uma fita gigante e toquei até a corda esticar, bati a P3.

A quarta enfiada sai por uma fenda cega, não procurei muito onde proteger pois estava fácil, segui então até uma arvore pequena, levemente à esquerda, depois tem uma canaleta com blocos soltos dentro dela, passei rente a ela até chegar em uma árvore bomba, protegi e cruzei a canaleta, seguindo por cima de dois blocos enormes e sólidos, onde é possível proteger bem. Depois mais uns metros de aderência até a parada.

Nessa hora o calor estava pegando! Segui rápido pra próxima enfiada, uma diagonal pra direita num caminho óbvio entre os matos, tudo beem positivo, pedra um pouco suja, mas bem tranquilo, segui até a corda esticar, não dá aquela sensação de exposição, pois sempre tem uma enorme moita de aveloz abaixo de você. A corda esticou faltando 4 metros pra chegar em uma árvore com sombra, bati a parada e continuei em simultâneo com Allysson até chegar na sombra!

Relaxamos um pouco e fui investigar o vertical que tinha pela frente, felizmente consegui contorná-lo pela direita, foram 50 metros andando e escalando um pouco por um caminho em diagonal até chegar em um platô com um coqueiro, que nos deu mais uns minutos de sombra.

A partir daí, deixamos a diagonal de mato e seguimos pra cima. Logo no início alguns buracos permitindo boa proteção móvel, depois boas agarras e fissuras diagonais ótimas pra proteger, depois a rocha fica um pouco quebradiça, mas ecalando com cuidado, tudo bem, não é difícil. bati uma chapa e continuei até a parada, que ficou em um platô de vegetação pequeno, que deve ceder com o tempo. Essa enfiada foi bem bonita, não dava pra imaginar olhando de baixo.





























Na P7 fiquei um pouco na dúvida de por onde ir, olhai a foto e resolvi. Saí em uma leve diagonal pra direita e cheguei ao final do grande diedro que víamos à direita da sétima enfiada. Era um lance de domínio, tipo virar uma mesa, protegi com três peças bomba e quando estava me equilibrando, pensando como iria fazer pra virar a mesa pegando numa borda escorrida, achei um agarrão! Virei o lance, protegi em uma fenda horizontal e segui por um trecho fácil até esticar a corda, bati a 8ª parada, a última da via, de lá seguimos escalaminhando pela rampa até ficar de pé no cume!

Eram 14h10, ficamos muito felizes em ter terminado a via, por não ter que subir tudo novamente carregando todo o material de conquista. Depois fizemos as contas e descobrimos que a via acabou sendo a maior de Brejo e segundos depois percebemos que era a maior do estado de Pernambuco também! Não sei por quanto tempo ainda será, mas de fato, ganhamos uma linda opção de escalada tradicional!

Pra descer é preciso rapelar, e é necessário fazer isso com duas cordas, pois as enfiadas são de 60 metros e muitas delas não possuem proteção fixa intermediária. Infelizmente não dispunhamos de outro tipo de proteção fixa a não ser chapeletas simples na data da segunda investida, portanto é necessário levar no mínimo 05 pedaços de cordelete para abandono. O primeiro e o segundo rapel são os piores, pois tem vegetação e a puxada da corda é pesada. Da P6 pra P5 é melhor descer andando,

da P5 pra P4 é uma diagonal, mas o rapel até flui bem, melhor ir levando as cordas do que jogá-las antes de descer. Da P4 até o chão os rapéis são bem tranquilos. Chegamos no chão às 16h30 após cerca de duas horas de rapel.

Dicas Extras: Começar cedo, com o nascer do sol, usar fitas longas, levar cordeletes pra abandono, 01 jogo de friends do 0,5 ao 6 ou o equivalente em camalots (.4 ao 4), organização no rapel e dois litros d'água por pessoa só pra escalada é uma boa pedida.





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